CARTA ABERTA AO SENHOR PRESIDENTE DA REPÚBLICA
Ílhavo, 16 de Fevereiro de 2012
Exmo Senhor Presidente da República
Os meus respeitosos cumprimentos
Faltou hoje, V. Ex.cia, a uma visita programada a uma Escola.
Não lho levo mal nem me admira. Aliás, este facto não deveria causar espanto a ninguém pois V. Ex.cia e o país estão a colher o que semearam.
Quando, em Outubro de 2007, escrevi a V. Ex.cia a dizer-lhe que era preciso pôr um travão à bendita ministra Maria de Lourdes Rodrigues teve V. Ex.cia uma palavra para me responder? Teve V. Ex.cia algum gesto solidário com os professores? Chamou V. Ex.cia os estudantes à razão lembrando-lhes os seus deveres? Não!!! Então, do que se poderá, agora, espantar e queixar?
Concordou com a desautorização dos professores e com os ataques que lhe estavam a ser feitos. Achou V. Ex.cia que ser insultado e enxovalhado fazia parte das obrigações dos professores. No entanto, V. Ex.cia não quis para si o que achou bem que os outros sofressem. Achou bem que um professor insultado por um aluno continuasse a ter de o aturar todos os dias de aula até ao fim do ano lectivo porque a um professor não são permitidos impedimentos de últimas hora.
V. Ex.cia está admirado com quê? Apenas colheu parte do que semeou, ajudou a semear ou não impediu que outros semeassem, como era sua obrigação. Não se espante nem se queixe, pois. Nem sequer invoque desconhecimento porque eu avisei-o.
Não posso deixar de ter uma palavra para os seus funcionários a quem competia prever o que aconteceu evitando-lhe o embaraço. O mínimo que merecem é o despedimento.
E para terminar, se me permite, deixo-lhe um aviso e um conselho. Depois do que ultimamente tem dito não espere V. Ex.cia outro tipo de recepção em qualquer outra parte do país.
Deixe-se ficar por casa, goze a sua reforma e vá-se aguentando aí pelo palácio porque para o fim do mandato já não falta tudo. Não sonhe em tornar a aparecer em público!!! Não caia outra vez na asneira de ignorar o que lhe digo. Já o fez uma vez e olhe o resultado que deu.
Atenciosamente
Domingos Freire Cardoso
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